Eutomia: A lenda do Taturema - artigo de capa da Revista Eutomia, por Carlos Torres-Marchal



A Lenda do Tatuturema
de Carlos Torres-Marchal


O novo estudo do engenheiro-filólogo Carlos Torres sobre Sousândrade concentra-se no segundo episódio mais famoso do Guesa, o chamado “Tatuturema”, incluído no Canto II do poema. Não é ainda preciso frisar que o episódio permanece pouco estudado, por isso mesmo combinando opiniões imprecisas emitidas a seu respeito com informações pouco ou nada corretas. O autor do presente estudo assinala ter sido o episódio publicado originalmente em 1867, no Semanário maranhense, dirigido pelo amigo do poeta, Joaquim Serra, e republicado diversas vezes, até assumir perfil definitivo na edição londrina do Guesa, quando então apresenta incorporações, reordenamentos e mesmo a supressão de duas estrofes da versão primitiva. O principal mérito do minucioso trabalho de Torres está na análise das fontes bibliográficas de que Sousândrade se serviu, tanto mais imprescindíveis porque o próprio poeta estivera apenas poucos dias no Solimões. Daí o engenheiro-filólogo peruano definir o “Taturema” como misto de crônica de viagem e reflexão sobre a situação dos índios dos Solimões, numa combinação de informe etnográfico e invenção poética. Esta, propriamente, não faz parte da indagação filológica. Sem seu respaldo, contudo, seja tratando do sentido do neologismo sousandradino, “tatuturema”, seja do significado do próprio episódio ou de personagens a ele centrais como o Jurupari, a indagação da inventio sousandradina se torna irremediavelmente inconfiável. É extremo portanto o mérito de que se reveste o presente estudo.

Luiz Costa Lima

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